Não nego, a
política está em minhas veias, em tudo que faço, mas porque então eu estaria
tão avessa às discussões políticas governamentais nos últimos tempos?
As notícias de
hoje, junto a uma pequena discussão e uma grande revolta expressa em duras
palavras me fizeram perceber e assumir publicamente pela primeira vez por que
eu me afastei de temas políticos governamentais ( frise-se) e de me envolver
em questões cotidianas há um bom tempo. Entendi que talvez eu me sinta frágil e
sem estrutura emocional para lidar com tantos desgostos.
Dentro de uma
visão de mundo crítica, via meus ideais e sonhos se tornando cada vez mais improváveis,
inalcançáveis e irrealizáveis. Via um mundo sórdido, complexo e muito maior do
que eu e meu entorno. E então me questionei se essa visão não me tornaria amargurada
como os velhos[1].
Não quero ser uma
pessoa amargurada, pessimista e crítica do mundo todo. Sempre tive aversão a
essa ideia e cheguei até mesmo a fazer um voto, uma promessa, de nunca deixar o
mundo me tornar uma velha amargurada.
Entendi que a
esperança é o que nos torna jovens, perdê-la nos envelhece.
“Sonhos não
envelhecem”, mas perdê-los nos envelhece.
Felizmente
lembrei que tudo isso é apenas uma visão de mundo possível, uma bolha, entre tantas outras possíveis.
Imediatamente
me veio outra visão, a de quem acredita no pequeno que cada um pode fazer em seus
contextos. Como já dizia o grande mestre que tanto me acompanha nesse blog:
Na verdade o
mundo é grande, mas está sempre mudando, não somos exatamente nós quem mudamos o
mundo, isso é muita pretensão, porém fazemos parte dessa grande e incessante
mudança. A pergunta então é: como fazemos parte dessa mudança?
Reclamar,
chorar e espernear pode ajudar a aliviar as dores, mas não é exatamente a
melhor atitude a se ter frente ao mundo.
Tampouco é
necessário ser uma figura pública para fazer parte da mudança. Ouso dizer
(mesmo imaginando possíveis críticas e aceitando-as de coração aberto), que nem
mesmo é necessário ser militante para fazer parte dessa mudança. Admiro enormemente
a militância, porém acredito que é algo para os fortes.
Se eles são os fortes, nós
somos a fortaleza!
Então a
resposta, ao menos para mim, é ser e
estar consciente de minhas ações.
TODAS são escolhas políticas, de vida, de mundo, e sustentam e direcionam o
mundo em que vamos viver. Todas!
Desde o que faço
com meus rejeitos, o que consumo, o quanto consumo, como consumo, de quem consumo, por que consumo.
O que faço, ou deixo de fazer, como faço, para quem faço, e por que faço. O que
você digo, como digo, para quem digo, e por que digo. Enfim, tudo o que penso,
falo e faço! Ações e omissões em todas as direções.
Se eu acredito
em um mundo mais pacífico com relações de qualidade, vou buscar me relacionar
com qualidade, com respeito, vou buscar uma comunicação não-violenta e
assertiva.
Se eu penso que não somos apenas aquilo que acreditamos ser, vou buscar entender o que está
além de meu ego e suas infinitas preocupações.
A partir disso, direciono meus
anseios para aceitar o que não tiver solução e poder contribuir na mudança do
que puder ser mudado.
Que eu possa
ser coerente com tudo o que eu acredito, sabendo que quando não conseguir,
que eu possa perceber, aprender e melhorar para um dia SER a liberdade que
acredito possível.
Que eu possa
ser a honestidade que acredito necessária. Que eu possa ser a humildade que
acredito fundamental. Que eu possa ser a sensibilidade, a compaixão, o
amor, a alegria e a equanimidade que acredito em todas as minhas ações, manifestações e pensamentos.
De repente me
senti mais coerente e revolucionária do que nunca, pois só é possível ser coerente, sendo aquilo que acreditamos, e é esse então meu propósito e objetivo.
Abrir esse
coração também aqui publicamente é revolucionário para mim. Espero que também
seja para você. Que possamos todos nos abrir, nos compreender e nos aceitar
como somos, respeitar nossas limitações humanas, mudar o que puder ser mudado dentro
de nossos corações e sermos o que acreditamos.
Que possamos ser no cotidano da mesma matéria de que são feitos nossos sonhos!
Na fluidez e mudança constante de nossos mundos, enfim agradeço à discussão política, ao
encontro e a oportunidade de compartilhar mais uma reflexão desse meu mundo
interior.
[1]
Sem ofensas, chamo de velho justamente aquele para quem o sonho acabou, não tem
nada a ver com a idade em si!
É, amiga. O mundo está cada vez mais sórdido e acho que uma das melhores coisas que podemos fazer diante disso é cuidar da nossa espiritualidade. Nossos exemplos e pequenas ações ajudam sim, mas no final é o que temos em nosso espírito que vai prevalecer, independentemente do mundo estar de cabeça para baixo ou não.
ResponderExcluirExcelente ponto amigo, o importante é seguimos sempre como podemos!!
ExcluirParabéns Ju. Vcs jovens são nossa esperança na construção de um mundo melhor.
ResponderExcluirSomos todos jovens Renato, mantenha firme os sonhos e a luta! Seja nas ações do dia a dia ou na (quando possível) influência de grandes decisões! Não podemos perder os coroas que ainda não são velhos! Ta aí o pai e a mãe pra mostrar que a luta só acaba quando termina!! ;)
ExcluirReflexão maravilhosas em tempos caóticos! Que possamos sempre refletir o nosso ser e agir no mundo, sem perder a fé em dias melhores ♡
ResponderExcluirO importante é separar no meio desse caos o que agrega. Nos olhar é a melhor forma podemos cuidar nossos sentimentos e atitudes.
ResponderExcluirQuando leio suas palavras entendo cada letra e posso sentir cada sensação que possa ter sentido ao escrevê-las e me cobro por não ter chegado ainda a essa plenitude na minha trajetória, de saber o que quero e quem eu sou para viver isso no meu intimo. Vez ou outra me pego seguindo o rebanho ou tomando decisões que no funco não transparecem meu eu, meus sentimentos.
ResponderExcluirPosso até me cobrar isso, mas me senti incentivado ao ler isso.
Muita gratidão por oferecer seu coração aberto, isso faz com que o meu queira se permitir abrir também.
Gratidão!
Sdd
Luh
Não se cobre Lu a ideia é justamente a gente se enxergar e buscar melhorar aqui q podemos... Somos e estamos todos em processo! Quis abrir o coração pois sei que muito mais gente também pode se reconhecer nessas reflexões! 😘
ExcluirQuerida Ju, amada filha, tenho orgulho de você, estas suas palavras me fazem refletir sobre o que eu sinto e como me coloco neste mundo,obrigada, beijos
ResponderExcluirQue bela reflexão Ju! Como ex militante política partidária que já fui, hehehe...compartilho muito mesmo desses teus sentimentos e me sinto muito mais profundamente conectada com as mudanças que sonhamos para esse mundo Belo e contraditório no qual vivemos! Bjsss!
ResponderExcluirAmei!!!!
ResponderExcluirÉ isso mesmo, Ju, ser autêntico na raiz do que somos é um modo de se inserir no mundo como o sopro de mudança naquilo que acreditamos seja melhor para o ser humano viver com os seus iguais. O teu desabafo é o meu nessa luta interna que alimentamos para não deixa escapar o bem maior, o bem comum, o bem que realiza. Reflexões como essa não me deixam perder a esperança.
ResponderExcluirObrigada pela força e incentivo tia, seguimos juntas buscando o horizonte, lado a lado, próximas ou distantes!
ExcluirÉ isso mesmo, Ju, ser autêntico na raiz do que somos é um modo de se inserir no mundo como o sopro de mudança naquilo que acreditamos seja melhor para o ser humano viver com os seus iguais. O teu desabafo é o meu nessa luta interna que alimentamos para não deixa escapar o bem maior, o bem comum, o bem que realiza. Reflexões como essa não me deixam perder a esperança.
ResponderExcluirSe focarmos no potencial do vir a ser neste universo relativo e darmos nascimento positivo sem expectativas,simplesmente amar o Amor sem especificar nada,me parece que estamos sendo úteis ao próximo. ABS afetuosos
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