domingo, 8 de junho de 2014

Um livro...

Catrin Welz Stein
Recentemente ganhei um livro de 1959, de um dos maiores juristas brasileiros, e foi surpreendente perceber como fui tomada por uma emoção engraçada.

Minha tia, já no auge de seus 90 anos, um pouco desconcertada, disse que tinha um ou dois livros antigos de Direito de um parente já falecido, e questionou ainda um pouco receosa e descrente, se havia de minha parte algum interesse.

Assim como alguns parentes presentes comentaram, eu poderia pensar: — De que me serve um livro velho e desatualizado?

Pois é, mas foi muito curioso como ocorreu justamente o contrário, e naquele gesto de receber um livro antigo, houve, em verdade, o despertar de um encantamento aparentemente difícil de explicar para quem via de fora, mas na verdade muito fácil de entender olhando de dentro.

Uma coisa que poucas pessoas entendem ou nos contam, é que os fenômenos aparentemente externos nada mais fazem do que refletir nossos mundos internos. É por isso que coisas insignificantes para alguns podem ser incríveis para outros, como nesse caso do livro que estou a contar.

Acho extremamente interessante perceber que a forma e a aparência das coisas não têm nada de substancial em si mesmas, mas, ao tocar os sentidos, são capazes de trazer à tona inúmeras de nossas marcas internas, e que, na maioria das vezes, sequer temos consciência.

Por isso, ao receber e abrir o livro e confirmar que se tratava de um Clóvis Bevilaqua, imediatamente reconheci naquele bloco de papel, além de toda a importância histórica que seus escritos 
contêm, uma possibilidade de história também de sua existência, de possíveis donos pregressos, usos para estudos ou aplicação em casos concretos, e isso realmente me tocou.

Isso por si só já tem uma boa dose de magia, e acho que o mais legal desses momentos é constatar que o que havia naquele livro era mesmo muito mais do que papel e tinta! (Já falei sobre isso aqui.)

O que há então naquele livro, ou em tantos outros, que já me fizeram, rir, suspirar ou chorar de emoção?

Com certeza não são apenas palavras, informações, histórias, personagens e conhecimento. 

Há também nos livros incontáveis mundos mágicos, sonhos realizados, ou mesmo coisas singelas que nos tocam sem precisar de grandes feitos ou efeitos especiais sobre uma tela.

Para mim, um livro simboliza uma das coisas mais interessantes que o homem faz, que é documentar suas descobertas e ideias. Fruto de sua capacidade de comunicação e criatividade para relatar ou mesmo criar coisas inéditas, é certamente algo fantástico!

E não há nada que se compare ao que acontece quando, ao abrir um livro, tantas possibilidades de mundo contidas em um apanhado de páginas encontram reflexo em marcas internas, abrindo universos inteiros em um instante.

Por isso um livro, na verdade não é um só, são múltiplos, tantos quanto forem os mundos internos que os lêem, e pa
ra criar novos universos, basta abrir um livro e se deixar tocar!

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