O local
tranquilo por onde ela passava praticamente todos os dias estava estranhamente
movimentado. Dezenas de pessoas desciam a ladeira da rua pela qual ela subia
para chegar ao trabalho. Chamou sua atenção, um senhor simples com feição
cansada que vendia, ao sol do meio-dia, coisas que pareciam não se encaixar
naquele contexto, meias, isqueiros e caixinhas de madeira.
Logo na
esquina, um pouco mais no meio da quadra à esquerda, por onde não costumava
passar ninguém, havia várias barracas e pessoas circulando pelo meio da rua fechada
para os carros. De longe era possível ver que vendiam roupas e artesanato.
Pelo caminho,
já na praça que havia em frente, vendedores de todos os tipos. Um moço oferecia
blocos com números da sorte, no caminhão de comida, bolinhos de bacalhau e
outros pratos típicos de Portugal, já na outra barraca, apenas pães. Senhores
idosos com suas bengalas atrapalhavam o elevado fluxo de pessoas apressadas que
passavam por ali, senhoras com suas belas roupas tiradas especialmente do
armário naquele dia, casais de mãos dadas, homens e mulheres bem vestidos em
meio aos mendigos pedindo esmola em cadeiras de rodas.
O moço que
cuida dos carros arrecadando alguns trocados, o banheiro público com uma caixa
para as contribuições. Caminhando mais alguns passos, uma mulher grita quase em
seu ouvido: - “Crepe, refrigerante, água mineral com ou sem gás, um real”, e a
cena que costumava ser tranquila, eventualmente embalada por uma ou outra
canção de fundo, se tornou um tumulto.
Um pouco mais
distante de toda a confusão ainda se via os efeitos de tanta gente, as ruas
abarrotadas de carros estacionados dos dois lados por quadras e quadras, alguns
parados em fila dupla impediam o trânsito dos veículos, que por isso pareciam estar
estacionados também na rua inteira. Carrinhos de pipoca, vendedores de
espetinho e entregadores de panfletos fazendo propaganda dos empreendimentos
imobiliários da região.
Ao longe
apenas se ouviu uma garota falando a uma senhora: - Corre mãe, corre, a missa da
novena vai começar!
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